Para além da janela, Grupo Esparrama apresenta repertório na Funarte, Centro de SP

Assim como as cortinas de um palco de teatro se abrem, as janelas de um prédio no Minhocão, região central de São Paulo, têm sido o reduto de peças de teatro do projeto Teatro de Janela, do Grupo Esparrama, que de forma poética convida o público para assistir seus espetáculos e se apropriar da região. […]

Assim como as cortinas de um palco de teatro se abrem, as janelas de um prédio no Minhocão, região central de São Paulo, têm sido o reduto de peças de teatro do projeto Teatro de Janela, do Grupo Esparrama, que de forma poética convida o público para assistir seus espetáculos e se apropriar da região.

Em celebração há uma década desde a primeira apresentação na região, nos dias 28 e 29 de abril, o Esparrama estreou sua peça “Já FIM?” durante a Mostra de Repertório, na sala teatral do Complexo Cultural Funarte SP. Já nos dias 4, 5, 11 e 12 de maio, o grupo volta ao espaço com dois novos espetáculos: ”FIM?” e “Detetives do Espavô”. A participação é gratuita e a retirada de ingressos acontece uma hora antes do início da apresentação na bilheteria.

Divulgação

A Mostra de Repertório
2POR4 (2013) é uma idealização da maestrina Ester Freire, mestranda em Ciência da Educação pela Universidade Autônoma de Asunción (Paraguai) em parceria com o Grupo Esparrama e busca aproximar as crianças do universo musical instrumental. A obra traz como diferencial a participação de um quarteto de cordas (dois violinos, uma viola e um violoncelo) que é um grupo de instrumentos que carrega na sua formação a síntese de uma orquestra. E, para criar um ambiente lúdico, que proporcione uma experiência de empatia mais imediata a mediação do jogo é realizada por dois palhaços/maestros.

O formato, que cria um diálogo entre duas linguagens, a cênica e a musical, traz no repertório figuram músicas do cancioneiro folclórico e trechos de obras de compositores clássicos como Mozart, Beethoven e Vivaldi. 2POR4 recebeu o Prêmio Teatro Alfa Criança, em 2013, e o Prêmio São Paulo de Teatro Infantil e Jovem, em 2015, na categoria Revelação, por sua direção, além da indicação de Melhor Trilha Sonora Adaptada para a maestrina Ester Freire.

No palco, um Quarteto de Cordas chega para realizar mais uma de suas apresentações e é surpreendido por dois palhaços maestros.  Muito criativos, os desajeitados maestros, começam uma disputa para decidir quem será o grande regente do dia. Durante esta competição, os candidatos a regência demonstram suas “habilidades” musicais e acabam apresentando de forma divertida os instrumentos de um quarteto de cordas e as propriedades do som. Por fim, descobrem que o bom andamento do espetáculo, depende da harmonia dos dois juntos.

Já FIM? (2016) é um espetáculo que trata de diversas perspectivas sobre o fim do mundo. Por um viés ecológico, trata da necessidade de recuperar a natureza, da urgência de pensar formas de consumo consciente e sustentável. Trata também do fim do mundo decorrente da falta do encontro do ser humano com o seu outro, que acontece pela falta de diálogo, pela ausência de afetos, pela falta de empatia com a dor alheia. O espetáculo, que aposta que uma convivência mais afetuosa e humana possa ser uma saída para o caos que a humanidade vive, foi o vencedor do Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem  de Melhor Espetáculo na categoria Sustentabilidade, além de ser eleito o melhor espetáculo Infantil de 2016 pelo voto popular do Guia da Folha, do jornal Folha de São Paulo e segundo melhor espetáculo infantil de 2016 pelos críticos do jornal O Estado de São Paulo. A montagem também foi indicada ao Prêmio Governador do Estado 2017.

FIM? mostra ao público que o mundo acabou. Tudo está destruído e só sobraram lixões, campos de guerra, estranhos muros, restos lamacentos de um rio doce e
duas baratas: Beatriti e Margueriti que, juntas, comemoram este fim. Elas acreditam que agora o mundo será apenas das baratas. Mas o que elas não sabem é que outros dois seres esquisitos e muito atrapalhados também sobreviveram: os palhaços Batatinha e Nerdolino, que agora perambulam pelo mundo com um mapa, uma semente e muita esperança. Empenhados em encontrar um novo começo para a humanidade, eles não desconfiam que estão sendo observados pelas baratas, que criarão divertidas armadilhas para “ajudá-los” a entender que o mundo delas é bem melhor sem eles.

A mostra termina com as apresentações de Detetives do Espavô. A peça é uma co-produção do Esparrama e da Trupe DuNavô, vencedora de melhor espetáculo de Palhaçaria da Associação Paulista dos Críticos de Arte (2022) e do Troféu Pecinha é a Vovozinha do crítico teatral Dib Carneiro Neto (2022) também como melhor espetáculo de Palhaçaria, é um grande jogo, que convida o público a brincar de investigadores, para se livrar de um dos grandes vilões da contemporaneidade: as notícias falsas (Fake News).

Em cena, o Espavô, chefe do maior grupo de detetives do mundo, irá ensinar um método simples para se livrar das notícias falsas, que ele batizou de ICC (Investigar e Confirmar antes de Compartilhar). Com este método, será possível evitar desde grandes desastres até pequenos embaraços. Mas, para que essa história possa se desenrolar, será necessário envolver muitos outros detetives, que junto com a plateia terão que desvendar vários mistérios.

Surgidouro
As apresentações da Mostra de Repertório integram o projeto Surgidouro, que é o projeto de comemoração dos 10 anos do grupo Esparrama, com ações abertas para toda a cidade, mas com a região central como foco.

Contemplado pela 42ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura, Surgidouro propõe uma série de ações que se articulam entre si, tomando como eixo organizador a ideia das Cidades Educadoras, projeto presente em diversos países do mundo que tem como premissa uma concepção de educação na qual a escola não é a única responsável pelos processos educativos da e na cidade, ainda que ela tenha um papel importante. Essa concepção entende que o aprender e o ensinar são condições ontológicas e, portanto, acontecem em todos os lugares e em todas as idades. Além disso, pressupõe que a educação se faz essencialmente no coletivo e através do diálogo entre diferentes saberes, instituições e atores sociais.

Além das apresentações da Mostra de Repertório, o projeto Surgidouro que já apresentou a trilogia Teatro de Janela, contará com uma residência em uma escola pública da região com o intuito de experimentar novas formas de diálogo entre cultura, educação e território, além de seminário voltado para artistas e educadores e a estreia do espetáculo Festa.

“Desse modo, podemos pensar que a linguagem teatral é estratégica para pensar e fazer uma educação que contribua com o desenvolvimento integral de todos e todas, pois ela é originalmente interdisciplinar e como a arte pode ajudar na construção de uma sociedade mais justa. Para tanto, toda a proposta tem como base o diálogo com outros atores sociais do centro que trabalham com o mesmo público-alvo que o nosso: as infâncias”, pontua Iarlei Rangel.

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