Número de empresas no centro histórico de SP volta a crescer

Após anos migrando para outros bairros da Capital, em 2024 o saldo entre empresas abertas e fechadas na região foi positivo, algo que não se via mesmo antes da pandemia de covid-19

Os estímulos da Prefeitura de São Paulo voltados à recuperação do centro histórico da cidade começam a dar resultado. Em 2024, o saldo entre empresas abertas de fechadas na região foi positivo, algo que não acontecia mesmo antes da pandemia de covid-19.

No ano passado, 291 novas empresas passaram a operar no centro histórico, enquanto 281 fecharam as portas, de acordo com levantamento feito pela construtech Hoff Analytics, empresa parceira da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a pedido do Diário do Comércio. A pesquisa tem como base os CNPJs inseridos no banco de dados da Receita Federal, e cobrem o período entre 1 de janeiro e 18 de novembro de 2024.

O saldo positivo, de 10 empresas que se somaram à economia do Centro, pode parecer pequeno, mas deve ser visto como um ponto de virada para uma região que experimentou um intenso processo de degradação.

Hoje, em meio às obras do calçadão, portas que ficaram baixadas por anos, como a da Econômica, rede de lojas de utilidades domésticas, voltaram a ser abertas. Junto dela, uma série de novos negócios pela primeira vez enxergam oportunidades no Centro, como o espaço de espetáculos Casa de Francisca, o restaurante Virô, a banqueteria Gil Gondim, entre outros.

Entre as 291 empresas que abriram as portas no centro histórico em 2024, a maioria (117) opera no Comércio Varejista, segundo o levantamento da Hoff Analytics. Em seguida aparece a atividade de Atenção à Saúde Humana, com 53 novas empresas.

O Comércio Varejista também foi o segmento com mais baixas no ano passado, com 82 empresas fechadas, seguido por Serviços de Escritórios e Serviços Prestados a Empresas, com 35 CNPJs desativados. 

Para o subprefeito da Sé, coronel Alvaro Batista Camilo, a volta do interesse das empresas pelo centro histórico vem na esteira das melhorias em infraestrutura e segurança da região e dos incentivos dados pela Prefeitura para quem se instala no local. Entre esses incentivos, Camilo destaca a redução de 2% no Imposto Sobre Serviço (ISS) e abatimentos no IPTU para casos específicos, benefícios fiscais que, segundo o subprefeito, serão renovados em 2025.

“É visível a abertura de novos negócios na região, entre eles, grandes empresas, como a Preçolandia”, diz Camilo, que destaca que muitos negócios tradicionais do Centro, como o bar Salve Jorge, passaram a ficar abertos até mais tarde.

Um dos objetivos da Prefeitura é deixar o Centro “vivo” por um período maior do dia. Nesse sentido, choperias, bares, lojas, empresas de telecom, telemarketing e até escolas são alguns dos segmentos em que o subprefeito aposta para impulsionar o consumo local para além do horário comercial.

Outra meta da Prefeitura, segundo Camilo, é aumentar o número de moradias na região, fomentando o consumo local. “Mais de dois milhões de pessoas passam pelo Centro de São Paulo todos os dias, mas apenas 430 mil residem na região”, diz.

NOVOS NEGÓCIOS

No calçadão da rua São Bento, uma das áreas mais importantes para o comércio do Centro, Carmen Silva Campos abriu, há três meses, o Miranda Beauty, seu salão de beleza. Após analisar a região e notar que havia poucos negócios do tipo por lá, a empreendedora decidiu deixar seu ponto em Itaquera, na Zona Leste, e levar o salão para o novo endereço. “O negócio teve boa aceitação”, comenta Carmen, que diz escutar dos clientes que estava faltando esse tipo de serviço no Centro.

Com o negócio recente, Carmen recebe cerca de 10 a 12 clientes por dia, mas tem grandes expectativas para 2025, ano em que espera aumentar em 80% o lucro do salão.

Tradição – Na esquina da rua São Bento com o Largo do Café, Mohmee Khaldow inaugurou, em 2024, o restaurante de comida árabe Khaldow. Apaixonados pelo Brasil, ele optou por abrir seu empreendimento no centro histórico de São Paulo “por ser um local tradicional, muito movimentado e conhecido pela população.” 

Público peculiar – Tereza Matto, dona da Tipinhos, loja de roupas infantis, já esteve em diferentes locais da região central nos últimos 24 anos. No ano passado, encontrou um novo endereço, também no Centro, a esquina da rua do Tesouro com a Álvares Penteado. “Aqui tem um público muito peculiar, turistas e funcionários de empresas.”

Segundo a empresária, as melhorias feitas pelo poder púbico foram importantes incentivos para que continuasse no Centro. “Durante a pandemia, houve uma grande diminuição no fluxo de pessoas, mas agora melhorou em torno de 50%”, diz Tereza, que conta que as vendas da loja aumentaram em torno de 20% desde que a região entrou em processo de requalificação.

CENTRO EXPANDIDO

O levantamento da Hoff Analytics também investigou as empresas abertas e fechadas no centro expandido da Capital paulista, que concentra bairros como Bela Vista, Consolação, República, Bom Retiro, Cambuci, Liberdade, entre outros.  

Em 2019, essa região recebeu 8.363 novas empresas, enquanto 8.330 foram desativadas, resultando em um saldo positivo de 33 empresas.

Em 2020, os dados mostram 8.857 novos CNPJs e 7.159 baixas, resultando em um saldo de 1.698.

Já em 2021, segundo ano da pandemia de covid-19, foram abertas 12.138 empresas no centro expandido, enquanto 17.801 fecharam (-5.663).

Em 2022, o levantamento mostra uma retomada no número de empresários atraídos para a região, com 14.601 novas empresas e 13.559 empresas desativadas (+1.042).

No ano de 2023, a pesquisa encontrou 22.151 novos empreendimentos no centro expandido, enquanto 15.700 foram desativadas (+6.451).

Em 2024, o movimento de abertura intensifica, com 33.353 registros de novas empresas, crescimento de 50% comparado ao ano anterior, enquanto 18.080 negócios foram desativados (+15.227).

No ano passado, entre os segmentos que mais abriram empresas no centro expandido, se destaca Serviços de Tecnologia e Informação, com 5.589 novas empresas. O bairro da Bela Vista foi o local que mais registrou crescimento no número de empresas em 2024, com 22.062 novos empreendimentos.

CRÉDITO TEXTO: Rebeca Ribeiro/DC

CRÉDITO IMAGEM: Luiz Prado/DC

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